quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O que é ser tradicionalista?




Tem algum tempo que penso em escrever sobre essa nova paixão que tenho em minha vida: o Tradicionalismo!
Queria tentar quebrar alguns tabus, da mesma maneira como se quebraram pra mim.

Os que me conhecem sabem que sempre fui de noite, de festa, de balada, de mto rock clássico, pop rock e pagode pela madrugada afora! Eclética que só, nunca dispensei tb um bom e velho sertanejo de raiz, um reggae na praia, uma MPB ou um blues ao bom estilo Chuck Berry!

Mas definitivamente, eu não simpatizava com a música gauchesca. Alias, com nada da cultura gaucha. Tinha pra mim que os tradicionalistas eram homens grosseiros e bêbados, fedendo à fumaça de churrasco e mulheres submissas e apáticas. A parte da fumaça de churrasco não deixou de ser verdade, viu, mas agora ao invés de “fedendo a” me cai melhor o termo “cheirando a”.

Foi então que há uns quatro anos atrás o Ataliba (meu marido) começou a frequentar o Harmonia com o primo Marcelo. Tortura pra boneca aqui! Meu salto entrava naquele barral, minhas roupas e meus cabelos ficavam defumados, a gente caminhava feito uns condenados naquele parque, eu não conhecia musica alguma daquelas que na verdade me doíam aos ouvidos, enfim, a treva! Neste meio tempo começamos a frequentar um piquete (tipo de um QG Gaúcho) de uma coroa meio bipolar que às vezes nos tratava super bem, outras nem nos cumprimentava e só pensava em quanto ia vender a cerveja ou locar o espaço da churrasqueira. Esse piquete da coroa era meio fim de carreira, só ia uns tiozinhos de bombacha xadrez e colete combinando, quase sem dente na boca e que enchiam a cara de trago. A treva de novo!

O que me consolava era a presença de uma amiga e comadre querida (minha grande parceira até hoje) a Aline, esposa do primo, que me acompanhava na indiada. Mas nós íamos odiadas, ficávamos lá com umas caras de bunda, mas na parceria com os maridos.

Detalhe importante: nossos filhos, os meus e o dela, alheios a todo o resto, AMAVAM “ir pros gaúchos” como eles diziam. E aí, caro leitor, eu pergunto: que mãe não se rende a um sorriso de um filho?

Mas o Patrão Velho (Deus) olhou pra baixo e no ano seguinte ao piquete da coroa bipolar nos conduziu a um piquete novo. Um piquete de verdade, de gente que ama a tradição e que não tá lá dentro pra ganhar dinheiro. Foi então que descobri o prazer de ser tradicionalista!

O Piquete Dois Amigos é como uma grande casa da gente. O patrão (responsável pelo piquete), seu Zé, tem o sorriso mais acolhedor que eu já vi na vida e a patroa, Dona Jurema, é aquela mãezona/amigona que tanto te serve um prato de comida campeira da melhor qualidade quanto se senta contigo e toma uma cerveja parelho! E junto desses dois tem o resto da família, as filhas, genros, o filho, amigos de todas as idades e de todos os lugares, gente que vai se chegando e dali não sai, ano após ano.

Desse ano em diante passamos a frequentar o piquete durante o ano todo e não somente no setembro. Deixamos de ser os setembrinos (gaúchos só da época do Harmonia) e passamos a incorporar a cultura.

E foi aí que descobri gente alegre, homens guapos (bonitos) e xiruas (mulheres) lindas, família reunida, as crianças participando de tudo o que fazemos desde um churrasco ao meio dia até um baile à noite, sem que precisemos depender de ninguém pra cuidá-las. Descobri um mundo de simplicidade, onde matear (tomar chimarrão) ao redor da churrasqueira jogando conversa fora vale mais do que qualquer seção de terapia com o psicólogo mais renomado, onde as músicas são densas com letras que falam de paixão, de campeirismo (vida no campo) e da incrível relação entre homem e natureza, onde o xucrismo (estilo de vida sem doma, sem formalidade) é sinal de autenticidade e transparência.

No piquete a gente se reúne sem máscaras, sem vaidades, sem se importar com a conta bancária do vivente (o outro) e o respeito e a relação familiar são prioridades. Ninguém se importa de cheirar a fumaça, porque nossas pilchas (indumentária típica) são feitas pra isso, ninguém se importa de bostiar (pisar nos cocôs de cavalos, vacas, etc) as botas, pois elas são feitas pra isso. Todo mundo pode andar com a faca pendurada na guaiaca (cinto próprio pra isso) pois ela só será usada pra cortar aquele costelão doze horas (costela que leva mesmo doze horas pra ser assada). A comida campeira é farta e deliciosa, como a boa e velha vaca-atolada (carne de panela cozida junto do aipim), ou o carreteiro de charque, o feijão mexido, etc...  e o único intuito disto tudo é nos reunirmos pra ser feliz, pra curtir e também pra reverenciar àqueles que em 1935 lutaram bravamente por um ideal e que assim viviam naquele tempo.

Sobre o Parque da Harmonia, eu entendo que muita gente não goste. Primeiro porque ser setembrino é chato mesmo. Setembrino não tem pouso e nem intimidade com aquele universo. Segundo porque as pessoas tem uma ideia errada de que ir pra lá é ir pra caminhar feito loucos, pra cima e pra baixo, enquanto o prazer está em parar em algum lugar pra compartilhar com amigos. Terceiro porque “o barro, o barro, o barro”... aff! Taura (pessoa valente, destemida) não se importa com o barro, porque não estamos lá pra olhar se alguém ta limpinho e brilhante ou embarrado até as canelas, estamos lá pra olhar no olho e apertar a mão e dividir um gole do butiá (cachaça de butiá) mais pegado.

Tem gente bêbada? Tem! Como em qualquer outro lugar (balada, carnaval, beira de praia). Tem gente grossa? Tem! Como na fila do supermercado ou no caixa do banco. Tem gente feia? Tem! Como agora mesmo do seu lado deve haver alguém! É tudo perfeito? Não! Tal qual não é em lugar algum do planeta, nem no Vaticano e nem na casa da gente.
 Mas tem gente de valor, tem filhos participando ativamente de atividades com seus pais, tem gente simples independente de quanto ganha, tem sempre um pouco de cultura ou um causo (conto gauchesco fictício ou não) a ser contado.

E fora isso tudo, tem no ano inteiro alguma atividade, algum encontro, uma cavalgada (encontro de vários cavaleiros), uma tertúlia (encontro de pessoas para cantar, recitar poemas, contar causos), um churrasco, um baile, etc...

Buenas, espero que tenha conseguido passar um pouquinho do que é este universo pra quem me lê. Não tenho a pretensão de convencer ninguém a nada (embora sem duvida eu adoraria que meus amigos participassem mais deste meu mundo). Só queria poder dizer que o preconceito é o maior mal da humanidade. Enquanto conceituamos previamente sem conhecer algo ou alguém perdemos muitas vezes oportunidades únicas de experiências diferenciadas e muitas vezes de sucesso.

Não posso escrever mais, porque creio que tem gente que já abandonou no meio do caminho! Mas preciso responder à pergunta título deste post: o que é ser tradicionalista?

Ser tradicionalista é encontrar o prazer nos momentos mais simples, valorizando a cultura e o modo de vida dos precursores do nosso estado. 



**Fora o bom e velho vestido de prenda e a pilcha masculina tradicional, existe a 'modinha Harmonia', porque gaúcho é grosso, mas tb é fashion tchê! eheheheh




**Assista abaixo à algumas das minhas músicas preferidas, vai te encantas?!













sábado, 25 de agosto de 2012

Controvérsia


Ajoelhada aos pés da imagem de barro mal feita, lágrimas rolavam sobre o rosto castigado pela rudez de uma vida sofrida.
Na seca maldita do sertão, aquela não era uma cena incomum.
Incomum era o sentimento que latejava no peito daquela mãe, que chorava a morte de um dos muitos filhos ao mesmo tempo em que, intimamente, agradecia por ter uma boca a menos para alimentar, um não a menos para dizer...


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Amargura




Dizem por aí que decepção não mata, ensina a viver.
Ensina à quem se o decepionado de hoje é o decepcionador de amanhã?
Não me venha com ditos populares quando meu coração sangra 
e a única coisa que consigo engolir neste momento é outra dose de whisky.

Decepção mata sim, a começar pela ingenuidade da gente.






segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mini Conto: Porque assim são as mulheres...


Existia um anel que ficava em cima do armário de um banheiro feminino frequentado por muitas mulheres.
Todos os dias aquelas mulheres olhavam praquele anel, ali, parado, inerte. 
Nenhuma delas achava graça alguma nele.
Até que um dia uma mulher o achou lindo. Pegou, experimentou no dedo e desejou tê-lo.
À partir deste dia, todas as outras mulheres passaram a desejar o anel mais que tudo na vida.
Não prestavam atenção em mais nada, nenhuma outra jóia as atraía, precisavam: DELE.
Passaram a viver numa silenciosa disputa.
Um dia batom, no outro perfume, um dia salto alto, no outro decote.
E assim faziam elas pra tentar conquistá-lo e o levá-lo como prêmio.
O final dessa história? Ninguém sabe.
Mas todos sabem que ela é verdadeira, porque assim são as mulheres... ;)